quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Sentença Final


A sentença final

                Lá estava ele. Ofegando. Cansado. Acabado. Preso por fortes tiras de couro, o sentenciado não emitia uma palavra. Não chorava, ou implorava por perdão. O único som do local era a sua respiração, descompassada.
                Os outros homens se olhavam, curiosos. Isso nunca havia acontecido. Nunca um dos destinados à morte permanecera calado. O silêncio prolongou-se, dando tempo para os carcaceiros examinarem o rosto jovem, cheio de hematomas. Para completar, havia, em sua bochecha, um corte superficial. Parecia sentir dores, mas ainda assim não falava nada. O pior, no entanto, estava logo acima do nariz, levemente quebrado.
                Os olhos. Fixos na parede, pareciam prestes a furá-la, de tão intensos. Todos extremeceram, até que um dos homens, o que parecia ser o líder pigarreou e, com uma voz parecendo filtrada por pregos “Acho que é isso”. Passou-se um tempo para que os outros assentissem e começarem a preparar a máquina. Do sentenciado, nada saia.
                Após um tempo, que parecera a eternidade, enfim estava pronto. E o destinado à morte sentiu. Deu um meio sorriso, sem humor. Frio e calmo. Por algum motivo, o mesmo fez todos tremerem de suas bases. O homem falou “Ativem”.
                Por que o sentenciado queria que ativassem a máquina? Por que sorrira? Por que queria que ativassem a máquina que apenas traria dor a ele?
                “Eu mereço isso. Sei que o que eu fiz foi errado e arrependo-me. Por isso que, ao matar-me, vocês estarão fazendo um favor à humanidade”. Seu olhar desprendeu-se da parede e fixou-se em cada um dos homens da sala. Nele, estava toda a dor contida. Todo o sentimento de arrogância havia desaparecido, abrindo espaço para o arrependimento. Por fim, um dos homens respirou fundo e caminhou até o botão, prestes a ativar a tal máquina.
                O tempo. Agoniantemente lerdo. E quando apertou, um grito saiu dos lábios do jovem sentenciado. De alguma maneira, o som foi pior que mil corvos poderiam fazer em uma hora. O motivo? O berro parecia ser de tranquilidade, alívio. Com toda a certeza, aquele não era o som esperado de alguém prestes a morrer.
                A tortura durou por... Horas? Minutos? Segundos? Ele não sabia. Na verdade, não importava-se. Algo como o tempo não merecia parte de sua atenção, mesmo com a morte próxima.
                Finalmente, ele expirou seu último suspiro e, com os olhos ainda abertos e fixos à parede, morreu. Morreu na mesma hora em que uma mulher abria a porta do local e, ao ver a cena, soltou um grito aterrorizado.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dividida - Parte 2


DIVIDIDA

                Cheguei no meu armário, e sorri ao encontrar meus dois melhores amigos, Brandon e Carolline. 

                Brandon era um garoto de cabelos cacheados castanhos. Seu sorriso sempre me cativava e era bem fofo. Os olhos, de um castanho escuro transmitiam lealdade e uma curiosidade insaciável. Sua grande característica? Ele era homossexual. Carolline era a mais diferente de nós três. Ela era popular. Todos da escola já haviam ouvido seu nome, ou pronunciado o mesmo. Carolline era simplesmente a representante das meninas. Líder das líderes de torcida da escola e um pouco bobinha, Carolline era a minha melhor amiga. Seus cabelos, loiros, com fartos cachos eram perfeitos e nunca saíam do lugar. Seus olhos, de um azul tão profundo, eram mais do que reconfortantes para mim. Sim, esta deusa era a minha melhor amiga... Com apenas um único problema; ela era a irmã gêmea de Christopher.
                Eles me cumprimentaram e continuaram a conversar. Mantive-me fora da conversa e tirei as pastas das aulas do armário, colocando-as dentro da mala em seguida. De repente, Brandon me perguntou:
                - Como vai o seu romance com o Chris?
                Ri um pouco e estava prestes a responder, quando deu o sinal. Dei de ombros para os dois, que estavam esperando ansiosamente pela minha resposta e caminhei em direção à aula de ciências, uma das muitas que eu tinha com ele. Ao lembrar isso, respirei fundo e entrei no local. Sentei em uma das últimas cadeiras livres e logo depois, Brandon chegou e sentou-se ao meu lado, onde imediatamente começou uma conversa animada com as garotas que estavam por perto.
                Não demorou muito e o professor chegou e começou a fazer a chamada. Quando ele alcançou o número dele, uma voz soou da porta. Como sempre, ela era arrogante e sarcástica.
                - Aqui, professor.
                Todos se viraram, exceto eu, que consegui achar algo de muito interessante no lápis. Aquela voz era, para mim, conhecida até demais. É claro que era Christopher.
                Após uma cara feia, o professor o deixou entrar e mandou:
                - Muito bem, rapazinho. Sente-se logo.
                O garoto loiro assentiu e caminhou lentamente pela classe para o lugar vago... Do meu lado. Desesperada, olhei para os lados, procurando por qualquer outro lugar e, finalmente, achei.
                Aparentemente, minhas tentativas de apontar para tal foram inúteis, já que ele se sentou ao meu lado, me fazendo resmungar:
                - Tem um lugar atrás do Brandon. Por que não se senta lá?
                - Porque você não é uma má companhia.
                Rolei os olhos. Ele? Flertando comigo? Sinceramente... Resolvi ignorá-lo, mas ele  falou:
                - Admita. Você gosta de mim – eu ri baixo, recebendo um olhar mortal do professor.
                - Desencana Christopher – de repente, Brandon apareceu e falou, dando uma piscadinha para o garoto do meu lado:
                - Ah, mas você pode encanar em mim, se quiser.
                Lutei contra uma gargalhada ao ver a cara que Parker fez, e tive mais esforço ainda ao ouvir sua resposta:
                - Desculpa cara, mas eu meio que sou cem por cento hétero.
                Meu querido amigo deu de ombros e falou:
                - Bom... Se mudar de ideia, pode me chamar, Chris...
                Ele piscou e voltou à sua conversa, porém, as garotas tinham olhos apenas para Christopher. Este sorriu para elas, que suspiraram em resposta. Balancei a cabeça, rindo delas.
                - Vick... Por que você não gosta de mim?
                Paralisei ao ouvir ele me chamando por meu primeiro nome, Victorie. Ninguém me chamava assim, exceto Brandon e Carolline, e eles apenas o faziam quando algo era sério, ou para me irritar. Depois de uma longa pausa na conversa, eu respondi:
                - Ãh... Porque você...
                - Eu?
                - ... É você – finalizei.
                - E qual é o problema disso?
                Abri a boca para responder, mas (felizmente), a aula acabou. Tentei levar Brandon comigo, mas ele me ignorou e continuou sua conversa com as meninas. Suspirei, derrotada e fui para as outras aulas do dia.
                Ignorei Caroline ou Brandon, sem deixar de fora Christopher.
                Na última aula, antes do intervalo, Caroline falou:
                - O que aconteceu entre você e o Chris?
                Sem responder a ela, fui ao banheiro, quando alguém cobriu meus olhos e sussurrou em meu ouvido:
                - Olá, Victória.

Dividida - Parte 1

Dividida

“Cavalgava feliz entre os altos morros de grama. Esta era verdíssima. O animal que eu cavalgava em cima era um lindo pônei, com uma cor-de-marmelo única. Procurávamos por uma coisa, um troféu de ouro, para ser exata. Finalmente, achamos ele. Estendi a mão para pegá-lo, mas o objeto criou vida e gritou:
                - Acorde! Acorde agora!!!”
---------

                Abri os olhos, assustada e dei de cara com a minha única irmã, que me olhava feio. Rolei os olhos e ela gritou indo embora logo depois:
                - Vamos! Vista-se! Está atrasada!!!
                Bufando, sai da cama e fui para o banheiro. Olhei-me no espelho e vi uma garota com cabelos vermelhos cor de fogo e olhos intensos e verdes. As bochechas eram rosadas e possuíam um ar de cansaço. Sim, essa sou eu pelas manhãs. Como toque final, coloquei meus óculos, de armação roxa, com detalhes em azul e fui me trocar.
                Eu odiava minha vida. Sou a perdedora do colégio, a ignorada e a excluída. Tinha apenas dois amigos; Brandon e Carolline, mas depois falo deles. E é claro, eu possuía meu demônio particular.
                Acabei me decidindo por uma calça jeans e camiseta preta, com um escrito em branco: “I'm at a payphone trying to call home, all of my change I spent on you!" (letra de uma das minhas músicas preferidas, Payphone, do Maroon 5).
                Peguei um casaco azul escuro e o amarrei na cintura. Escovei meus dentes e desci para a cozinha, pronta para tomar meu café da manhã.
---------
                Já saia de casa, ligando meu carro, uma Mercedes prateada. Entrei no carro, quando minha mãe apareceu e me mandou levar minha irmã, Candice. Ignorei ela e “arranquei” de lá, com o meu celular tocando sem parar. 

                Cheguei no colégio, procurando por minha vaga, porém, quando a achei, gemi, frustrada. Havia uma multidão ao redor de alguém, cujo carro estava ao lado de minha vaga.
                Tive o vislumbre de uma cor vermelha berrante e percebi que era a tão odiada Ferrari. Tentei estacionar o carro sem ser percebida, mas não funcionou. A porta do carro abriu-se e eu, ao ver quem dela saía, rosnei baixo.
                Era ele, o pesadelo da minha vida, meu demônio particular. Com um sorriso arrogante e brilhante, olhos cobertos por óculos de sol Ray-Ban pretos e cabelos loiros, lisos e brilhantes, Christopher Parker parecia um modelo mirim. Ele era o maior sonho de todas as garotas desta escola... Menos o meu.
                Ele me olhou e, após um segundo, retirou seus óculos, revelando grandes olhos azuis profundos, o que fez todas as garotas suspirarem, exceto eu, que resolvi ignorá-lo. Lançou-me um sorriso encantador e se aproximou.
                Ao chegar perto o bastante, falou, com uma voz meio rouca, mas também sarcástica e irônica:
                 - Olá, Hills. Quanto tempo, hein?
                Rangi os dentes e continuei a andar, tentando não prestar atenção na multidão que estava se formando. Ele continuou, como se nada estivesse acontecendo:
                - O que é isso? Não vai me dar nem um “bom dia”?
                As pessoas deram umas risadinhas, me fazendo ficar vermelha. Falei então, sem me virar:
                - Bom dia, Parker.
                Todos arregalaram os olhos, afinal, não havia uma pessoa nesta escola que chamava o loiro por seu sobrenome, no máximo, era Christopher. Porém, para a minha infelicidade, o sorriso dele nem falhou.
                - Me chame de Chris, Hills.
                - Tentarei lembrar disso, Parker.
                Dei ênfase no sobrenome e fui embora, andando lentamente, apreciando o doce sabor da vitória.

Introdução


Bom, antes de começar a postar os textos e tal, gostaria de explicar para que serve este blog, que acabei de criar. O meu pai que deu a ideia de fazê-lo, já que eu adoro escrever. Ele sugeriu que eu criasse este blog e compartilhasse com as pessoas minhas histórias e ideias.
Acho melhor parar de "enrolar" e começar logo com as postagens, não é mesmo? Bom, de qualquer jeito, seja bem vindo!